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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Landscape of Wargemont

                                                    Landscape of Wargemont, de Renoir.

Ele é, se não o meu quadro  favorito, um dos.Não que eu seja uma grande apreciadora de arte, eu realmente conheço muito pouco, embora ela muitas vezes me pegue e me invada de surpresa.

O quadro é grande e mede 80.6 x 100 cm e a única informação que tenho é que Renoir pintou este quadro quando numa visita ao sul da França. A primeira vez que nos encontramos, foi quando fui à uma exposição de Renoir, no Philadelphia Art Museum, na Filadélfia.Era inverno de 2008.Lembro me de ter ficado pelo menos uns 20 minutos olhando para ele.Na época em que me deparei e me encantei com o quadro, foi no meio de caminho solitário, em que viajava pela primeira vez sozinha, no exterior e viajaria dali uns meses sem rumo à procura de alguma coisa (que hoje eu posso dizer que era de mim mesma).

Sinto que esse quadro me transporta pra dentro dele, numa sensação de movimento, de vida.Sim, é vivo! Perceba que ao olhá-lo, o seu olhar é carregado pelo caminho central, as folhas parecem se mexer e você consegue dizer em que sentido o vento está soprando... dá para até perceber que  tem uma eletricidade no ar, uma selvageria, um ventania, daquelas que dá antes de uma grande tempestade, como as chuvas de verão.Eu até consigo ouvir o vento uivando.

A pintura, sem saber explicar, me encanta por despertar uma certa sinestesia, uma fusão dos meus sentimentos com o convite de sensações para o qual o quadro me desperta.Gosto da dramaticidade das linhas, da sensação de movimento e dos tons de roxo, preto ocre e verde, do caminho sinuoso, meu e do quadro, que se finda no nada, mas que ainda mantém a idéia do horizonte e de esperança quando, no fim do quadro, o Céu ilumina de azul um ponto escuro ao fim.

Hoje, distante do que sentia, penso que me identifiquei com o quadro pois estava como o quadro:fluida, sem contornos definidos, volúvel. O quadro é uma poesia da própria vida, dos caminho sinuosos e cheio de curvas pelos quais percorremos, nesse movimento eterno de “não-cessar”, da selvageria da vida, desse caminhar sinuoso, de angústia nas pinceladas de roxo e de preto, e a oferta com gratidão de ocre triste, mas ainda sim amarelo e com delicadeza, como se Deus carregasse nas mãos um punhado de esperança no fim de um caminho tortuoso e revelasse à você, depois de transpor um horizonte, um mistério divino de cor azul.

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